Desintermediação Financeira como Alternativa aos Hospitais e Clínicas à Verticalização dos Planos de Saúde
Publicado em 05/09/2025

O setor de saúde suplementar brasileiro passa por uma conjuntura marcada pela consolidação de grandes operadoras e pelo avanço do processo de verticalização. Essa tendência tem implicado a limitação de credenciamentos, a concentração de serviços em redes próprias e, consequentemente, a redução da autonomia de hospitais e clínicas independentes.

Como resposta, diversas instituições hospitalares de referência têm recorrido à criação de seus próprios planos de saúde, em uma estratégia de verticalização reversa. Embora esta iniciativa represente uma tentativa legítima de assegurar competitividade e preservar o acesso de seus pacientes, ela acarreta novos desafios: necessidade de conformidade regulatória junto à ANS, riscos de gestão da sinistralidade e altos custos de implantação.

Neste contexto, o presente artigo busca discutir, a Desintermediação Financeira, em especial a alternativa da Plataforma Soul.Med - da startup Soul, como uma alternativa disruptiva, que propõe a desintermediação financeira entre paciente e instituição de saúde, oferecendo uma solução tecnológica capaz de reposicionar o papel das instituições hospitalares no mercado, sem reproduzir os entraves do modelo tradicional de operadoras.

O desafio da verticalização hospitalar

O avanço da verticalização pelas operadoras resultou em hospitais criando planos próprios. Exemplos ilustrativos incluem:

  • Rede Casa (RJ): crescimento de 130 mil vidas em quatro anos.
  • Hospital Moinhos de Vento (RS): convênio com 10 mil beneficiários, redução de 40% na sinistralidade.
  • Hospital Sagrada Família (SP): salto de 5,5 mil para 21 mil clientes em um ano.
  • Kora Saúde (ES): plano em fase inicial, restrito à rede própria.

 

Embora os resultados sejam relevantes, tais iniciativas estão condicionadas a desafios estruturais:

  • Custo regulatório elevado: exigências da ANS para constituição e operação.
  • Risco financeiro significativo: necessidade de administrar sinistralidade e inadimplência.
  • Escala mínima: apenas grandes hospitais conseguem alcançar sustentabilidade econômica.
  • Reprodução da intermediação: ainda que internalizada, persiste a lógica de afastamento entre paciente e instituição.

 

Portanto, a verticalização hospitalar, embora funcional em curto prazo, pode revelar-se pouco sustentável no médio e longo prazos. Diante deste cenário, surge alternativas embasadas na "Embedded finance", ou seja, incorporação de serviços financeiros diretamente em plataformas e aplicativos não financeiros, permitindo que Hospitais e Clínicas ofereçam soluções como pagamentos, crédito e seguros aos seus pacientes de forma integrada e personalizada. Um dos exemplos de aplicabilidade esta no "Fintech White Label" da Plataforma Soul.Med propõe uma ruptura nesse ciclo de vitimização dos Hospitais e Clínicas diante verticalização pelas operadoras.

Fundamentada no conceito de Iniciador de Transação de Pagamento (ITP), conforme regulamentação do Banco Central do Brasil, a solução viabiliza pagamentos diretos entre paciente e instituição de saúde, sem necessidade de bancos, adquirentes ou bandeiras de cartão de crédito.

Trata-se de um arranjo de pagamento fechado, regulado pelas Resoluções BCB nº 150/2021 e nº 257/2022, que confere maior autonomia às instituições e assegura rastreabilidade, transparência e conformidade. O impacto imediato é a redução de taxas financeiras, a aceleração na liquidação dos pagamentos e a previsibilidade no fluxo de caixa hospitalar.

Mais do que eficiência financeira, esse modelo fortalece a relação de confiança entre paciente e instituição, uma vez que elimina barreiras de intermediação e proporciona clareza no processo de pagamento.

A estrutura da Soul.Med contempla dois modelos principais:

  • Cartão White Label Saúde (B2B2C): direcionado a empresas que oferecem benefícios de saúde a seus colaboradores. Pode operar em modalidade pré-paga (valores creditados previamente para uso em saúde, em consonância com a Lei 14.442/2022) ou pós-paga (valores descontados em folha, até 40% do salário, conforme art. 462 da CLT). Sua emissão é regulamentada pela Resolução BCB nº 150/2021.
  • Cartão Private Label Saúde (B2C): emitido diretamente por hospitais ou clínicas aos pacientes. Em modalidade pré-paga e de uso restrito, está sujeito à Resolução BCB nº 257/2022 e à Instrução Normativa BCB nº 181/2021. Funciona como instrumento de fidelização, agregando valor ao relacionamento paciente-instituição.

 

Ambos os modelos estão estruturados em arranjos de pagamento fechados, nos quais a instituição de saúde acumula o papel de emissora, operadora e credenciadora de sua rede própria, conferindo-lhe total controle sobre regras e benefício.

A análise evidencia que a Soul.Med não substitui os planos de saúde, mas oferece um modelo alternativo, de menor risco, maior agilidade e maior alinhamento à transformação digital em curso.

O movimento de hospitais lançando planos próprios evidencia a busca por alternativas frente à verticalização das operadoras. Todavia, ao reproduzir a lógica da intermediação financeira sob a regulação da ANS, tais iniciativas podem comprometer a sustentabilidade a longo prazo.

A Soul.Med surge como alternativa inovadora, fundada em bases regulatórias sólidas e em alinhamento com a transformação digital no setor. Ao desintermediar as transações financeiras entre paciente e hospital, a plataforma reduz custos, amplia a previsibilidade de receita e fortalece a fidelização.

Do ponto de vista acadêmico-profissional, a experiência da Soul.Med revela o potencial da fintech aplicada à saúde como vetor de mudança estrutural. Ao invés de apenas adaptar-se à verticalização, hospitais podem reposicionar-se como protagonistas de um novo modelo de sustentabilidade financeira, sem depender da lógica tradicional das operadoras.

Em síntese, a Soul.Med não deve ser vista apenas como uma ferramenta tecnológica, mas como um novo paradigma de integração entre saúde e finanças, com impactos diretos na competitividade, acessibilidade e eficiência do setor de saúde suplementar brasileiro.

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Alcides Simioni
CEO Soul Healthcare Bank
Solução financeira para hospitais autônomos que enfrentam verticalização, a desintermediação via Soul.Med oferece uma alternativa sustentável.