Startups Financial Healthcare, as principais queridinhas, das já queridinhas, Healthtechs.
Publicado em 21/12/2022

Atualmente, o Brasil conta com 542 healthtechs, como são chamadas as startups voltadas para a solução de problemas no setor da saúde, conforme estudo publicado, em conjunto com pelo Distrito e KPMG, neste ano de 2022.

É um momento tão delicado das startups de “vacas magras”, onde esqueceremos, olhar alegre do founders “unicórnios” ou a soberba do olhar dos “camelos”, as healthtechs vem se tornando as queridinhas do mercado 4.0 e despertam uma atenção, há mais, dos fundos de venture capital, destaco que no mesmo estudo, foi indicado que o volume de investimentos aportados nestas empresas brasileiras é significativo: desde 2014, elas receberam US$ 430 milhões, ao longo de 189 rodadas.

Mas, como sempre, algumas hipóteses destas healthtechs, vem causando certas dúvidas ao nosso personagem “Negócio”, já conhecido em artigos anteriores, e também, verdadeiros arrepios, para outro personagem, que chamamos “Mestres do Negócio”. 

Estamos falando das “financial healthcare”, que tiveram sua estreia no mundo das startups entre 2020 e 2021, com alguns empreendedores acelerados na Eretzes do Albert Einstein Hospital, e de lá para cá, vem se pulverizando, em outras aceleradoras espalhadas pelo país. 

Mas afinal o que são as Healthtechs Financial Care? 

Poderemos nos surpreender ao descobrir que não há uma resposta única, porque a definição do termo depende, em grande parte, do contexto em que é usado. Assim, sua compreensão deve começar com o aprendizado do escopo de mercado, ou seja, o termo significa estar conectado a um processo de financiamento ao atendimento à saúde, em modelo escalável e em um ambiente específico. 

E sendo a maioria dos nossos leitores, ventures capital, ou um gerente de organizações de saúde, vamos criar um ambiente que forneça maior valor a nossa definição aqui, mas que também esteja alinhado a estratégias e táticas, que vemos sendo aplicada pelos planos de saúde (ANS): Unimed, SulAmérica, One Health, Bradesco Saúde, Golden Cross, Intermédica ou Notre Dame, que se digladiam na busca do mercado B2B2C, onde encontramos um LTV (Lifetime Value) maior e um CAC (Custo de Aquisição do Cliente) menor, que a venda dos seu produtos para aos clientes B2C.

Será uma hipótese, é uma tese, de uma suposta startup “financial healthcare”-para quem possa entender desta forma-, mas que traga ao objetivo deste artigo, dados e bases realistas da prática vivida da vertical da saúde, assim, possa ser útil, aos sempre calorosos debates entre personagens “Negócio” e os “Mestres do Negócio”.

Para ficarmos alinhados, usaremos Scorecard Valuation Methodology (querendo aqui provocar V.C.), para avaliarmos hipotética startup “financial healthcare”, portanto, qualquer semelhança é mera coincidência. Vamos a elas:

1.Momento da “financial healthcare”: Early Stage (produto validado, clientes pagantes, buscando pré-seed, para queima de caixa em growth).

2. Propósito “financial healthcare” (Encontrado na nota de rodapé, da “fala” dos seus folders): “No momento êxtase de big-data, telesaude, IoHt, I.A./ machine learning, os mesmos, acabam perdendo suas eficácias, quando não aplicados no objetivo central, que é o paciente. Ficando ainda pior, quando faltar para este paciente, o poder de comprar para o atendimento a sua saúde e dos seus familiares”.

3. ICP (Ideal Customer Profile): Hospital e Clínicas Particulares Brasil (SAM- 4.884 unidades).

4. Resumo do negócio (Deck da startup): Em um momento pós-covid, temos de um lado a Empresa Empregadoras, preocupada com a saúde dos seus colaboradores, que já estão contabilizando como patrimônio intangível da própria empresa. E do outro lado, os Hospitais e Clínicas particulares, que têm necessidade de aumentar o número de pacientes particulares. Neste contexto de uma rede bilateral, surge a “financial healthcare”, oferece transferência de tecnologia fintech e como healthtech, para que um hospital e/ou uma clínica, possa se tornar um “Banco aos seus Pacientes”, ou seja, ela opera em uma operação Banking as a Service (BaaS), que inclui em suas funcionalidades a Telessaúde. Assim, a “financial healthcare”, de um lado ajuda a instituição (Hospitais e Clínicas) aumentar a sua receita, com o “crédito saúde” ao paciente (colaborador), e paralelamente, traz economia, com o avanço sobre instrumentos de tecnologia aplicados à acessibilidade digital no atendimento da saúde. Dentro deste propósito, a “financial healthcare”, já estabeleceu formalmente parcerias, nos serviços embarcados na plataforma: Banco Juno, Banco Votorantim, Cia Alfa Seguros, Fintech Opex Box, Azure/Microsoft, Webex/Cisco e Receituários MeMed. Portanto, espera impactar diretamente em torno de 20% a 30% das 19.404 milhões de vidas, que possuem emprego formal, mas que também não possuem nenhum benefício saúde, haja visto, que plano de saúde, fica muito distante da sua realidade financeira. E dentro destas expectativas, atualmente a “financial healthcare”, possui como clientes pagantes 07 hospitais e clínicas, em 5 estados brasileiros, cada qual com a sua rede “white label baas”, interagindo com um total 80.000 de prontuários.

5. Descrição da problemática (Dor que resolve): A “financial healthcare” não pode ser considerada fornecedora simplesmente de um sistema ou um aplicativo (medical advice), específico para o dia a dia do negócio do hospital ou clínica. Pois, mercadologicamente se vende como um novo “mindset”, para seus clientes. E caso estes clientes aderindo a esta nova forma de pensar, em seus core business, resolvem seu principal problema de aumentar seu faturamento recorrente e mensal. Como? Oferecendo mais do que um atendimento curativo e intervencionista, que está sujeito ao redutor do faturamento glosa ou a tabela do SUS, mas inserir ao seu negócio o atendimento primário e preventivo, financiado por benefício emitido pela Empresa Empregadora, seguindo o modelo já consagrado do benefícios alimentação e transporte, todos: saúde, alimentação e transporte, já pacificados pela legislação trabalhista. Portanto, um mote perfeito, para conquistar um novo paciente particular, que surge no mercado, e este é empoderado com crédito saúde, oferecido/emitido pela sua empresa empregadora. Para uma melhor percepção analítica do problema, que a “financial healthcare” se propõe a resolver, há de exigir do leitor, uma composição conjuntamente, as dores de todas das personas envolvidas e elencando pela própria startup, vejamos:

Novo Pacientes (colaborador da empresa Empregadora): Em um novo comportamento, promovido pela pandemia da Covid, busca fazer consultas e exames periódicos e adotar hábitos saudáveis. Com esse novo comportamento o novo paciente está evitando o aparecimento de doenças e tem mais facilidade para controlá-las. Evitando a necessidade de fazer uso de medicamentos ou procedimentos invasivos, o que contribui para prolongar a sua vida.

Empresas Empregadoras (emissor do crédito saúde): Para fidelizar seu colaborador, evitando assim o turnover, bem como, a perda da produtividade, com a falta deste colaborador, por aspectos de sua saúde ou de um familiar. As Empresas Empregadoras vêm buscando opções de ações que estimulem a prevenção de enfermidades. Estas iniciativas, como já comentado, fazem seu paralelo ao cartão transporte e cartão alimentação, melhoram o clima organizacional, mostrando ao público interno que a empresa se preocupa com cada pessoa — porém a alternativa do plano de saúde, está se tornando ineficaz, em um pesquisa realizado “American Pychologial Association- Dez 2021”, das 21.895 milhões de vidas, com emprego formal, que tem planos de saúde oferecido pelas Empresa Empregadoras, 4.322 milhões não usam os serviços oferecidos a sua saúde, pois não tem como arcar com o custeio da coparticipação, que são exigidos pelos planos de saúde (ANS).

ICP Hospitais ou Clínicas Particulares (operador do crédito saúde): Na maioria dos hospitais e clínicas, entende-se que o paciente somente recorre a um médico quando está doente ou sofre um acidente. Normalmente, este é o caminho natural da forma de gerar o faturamento destas entidades: o paciente procura uma equipe de saúde quando percebe algum sintoma ou precisa fazer um exame de rotina. Porém, o limite desta visão, que paciente, só se torna paciente, da “porta à dentro”, tornando à instituição vulnerável a verticalização dos Planos de Saúde (ANS), que já tem seus próprios hospitais, como consequência, ainda, (destacamos + novamente) fica sujeito ao redutor de receita da Tabela Glosas ainda maior. E quando não pode ficar pior, temos ainda a tabela SUS, sem reajuste a mais três anos. A saúde preventiva, se torna um novo produto, para Hospitais e Clínicas, que já ocupa um papel de destaque na mente do paciente (colaborador) e da Empresa Empregadora (emissor do crédito), pois o monitoramento regular da sua saúde e a prática de hábitos saudáveis diminuem significativamente as chances de o paciente sofrer com doenças e suas complicações. Este mindset, torna-se motor de uma nova postura ideológica das instituições Hospitais e Clínicas, bem como, uma grande oportunidade de geração de receita direta e recorrente. Acontecendo com a vertical da saúde, o que é prática normal com auxílio alimentação e transporte, portanto envolvendo aspectos milionários do mercado (vejam ex.: Alelo, Ticket e VR).

6. Diferencia da concorrência direta: Ao percebermos a cultura em que a “financial healthcare” está inserida, a mesma, pretende romper com o estereótipo dos produtos B2B dos planos convencionais de saúde (ANS), que são: caros, curativos e intervencionistas, e promovemos novos canais na relação paciente (colaborador) com o seu profissional de saúde, objetivando a saúde primária, preventiva e integrativa, em favor da vida, ou melhor, da qualidade de vida. Na descrição da problemática, que a “financial healthcare” propõe resolver, no interesse da composição de todas as personagens acima elencadas. Em detalhe, da proposta de valor, usada comercialização do produto, está a argumentação, que quando da execução nível de atenção primária é executado corretamente, o nível secundário entra em ação quando recebe pacientes encaminhados do primeiro nível, que necessitam de atendimentos mais especializados, envolvendo médicos especialistas com um suporte mais adequado. Gerando ou recuperando bilhões de reais investidos na saúde no Brasil.

7. Potencial de mercado: Com exceção das urgências, procurar acompanhamento médico apenas quando se tem sintomas não é o mais adequado. Na verdade, desta forma o paciente está pulando o primeiro nível de atenção no atendimento, que é capaz de resolver 85% dos casos, segundo o Ministério da Saúde. Promovendo o acesso à saúde aos seus colaboradores, a Atenção Primária tem uma grande importância para as Empresas Empregadoras. Acontecendo agora, após Covid, benefício a saúde, chega para incorporação como mesma importância aos benefícios transporte, alimentação ou refeição, todas somadas fazem a melhoria da qualidade de vida dos seus colaboradores. Por outro aspecto, é importante destacar conforme a ANAHP (Associação Nacional dos Hospitais Particulares) com base em dados da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), da Secretaria do Tesouro Nacional (STN) e da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) apontam que as despesas com saúde movimentaram recursos equivalentes a 9,47% do PIB brasileiro em 2021, ou R$ 822,16 bilhões (em valores correntes). Desse total, R$ 387,47 bilhões foram recursos públicos (47,13% do total), que ficam fora core business dos Hospital e Clínicas particulares, pois incide sobre esta fatia a Tabela SUS, além de majorada para abaixo da realidade do custeio das instituições, não sofre reajuste a mais 3 anos. Dos R$ 434,69 bilhões, recursos são privados (52,87% do total), apenas R$ 195,33 bilhões (26,15% do total) são considerados out-of-pocket, ou seja, paciente particular, ficando assim, R$ 239,38 bilhões (32.04%) do total advento do paciente conveniado com plano de Saúde(ANS), que estão sujeitos a agressividade do redutor de receita Glosas, emitido pelos planos, que precificam o valor prestação de serviços das instituições abaixo do mercado e com seu reembolso diluindo em tempo superior a 180 dias.

8. Potencial de Escala: As inovações como operação de arranjo de pagamento fechado, gateway de pagamentos, telemedicina, prontuário eletrônico, emissão digital de receituário, ou mesmo, big data e inteligência artificial, são essas algumas das tecnologias emergentes que embasam o conceito do crédito à saúde para Saúde 4.0. Elas podem ser usadas para gerenciar processos comerciais do ICP da startup, que são os Hospitais e Clínicas particulares de forma mais efetiva e personalizada, o que afeta os modelos de negócios até presentemente aplicados. Assim, a “financial healthcare”, prevê a escala na interconectividade entre máquinas, bancos de dados mais eficientes e maior autonomia do paciente em relação à própria saúde. A “financial healthcare”, está no mercado com esse DNA, em uma busca incessante por soluções que reduzam custos, automatizam os processos e aumentem a satisfação e segurança de hospitais e clínicas. Oferecendo um leque amplo de soluções, que necessariamente vai precisar do “cheque” do investidor aliado para ter um time de colaboradores dedicados e altamente capacitados.

Portanto, ao terminarmos a análise da “financial healthcare”, percebemos que a hipotética startup, inserida no ambiente B2B2C, está promovendo a inovação em outro cenário com benéfico crédito saúde, - incessantemente destacamos - igual já encontrado no benefícios: crédito transporte ou crédito alimentação. 

E que sua proposta crédito saúde, que é um benefício financeiro ao paciente, portanto, é recorrente e é mensal, e também é inovadora, pois seu crescimento é horizontalizado, em plataforma banking white label, fazendo que é o próprio Hospital e Clínica particular, seja seu sócio e promotor deste core business.

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Alcides Simioni
CEO Soul Healthcare Bank
A “financial healthcare”, torna-se uma alternativa competitiva (em conjuntamente com hospitais e clínicas) para as Empresas Empregadoras, e seus colaboradores. Primeiramente atingindo aqueles que ainda não possuem nenhum benefício na área da saúde, em segundo a aquele outro colaborador, que já tem seu convênio com o Plano de Saúde (ANS) , mas busca uma alternativa diferente.
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